Tão controverso como suas palavras era sua vida. Fugia de ideias ruins apressando o passo pelas ruas. Naquele dia os semáforos descontentes atrapalhavam sua ida de volta para casa.
Se achava preso por livros, frases e palavras que não lhe diziam nada. ‘’Ah, que saudade de surtar’’ pensava agora em seu jardim.
Sua gata o acompanhava lentamente, preguiçosa como ele, e ele pensava: ‘’Nem tu, selvagem!’’. As coisas esfarelavam enquanto tomava sol.
Não ligava mais de terminar as coisas, achava isso uma doença. Queria curtir a vida, mesmo sem dinheiro ou namorada.
Então voltou a olhar sua gata ali deitada. ’’Que tantos atrasos, atropelos e desastres te deixaram aqui, que seus filhos todos fugiram de casa? Ou foi somente a água, a comida e a sombra que te tiraram a ânsia? Justo você que nasceu na rua. Você a mais selvagem da família veio aqui ter seu fim? Não te culpo. Tens de tudo. Sou eu a tua família. Mas se você que é selvagem terminou assim, o que será de mim?’’.
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